sábado, 18 de abril de 2009

Aikido - A arte do não conflito

Eu confesso que gosto e acompanho a filosofia das artes marciais com muito interesse. Impressiona as filosofias destas artes e como elas são percebidas através de suas técnicas .

Durante minha vida, já fui praticante de Judô e Taiando (isto mesmo Taiando, uma técnica desenvolvido por um brasileiro misturando Taekando e Karate), e hoje sou praticante de Aikido. Embora todas elas tem bastante coisas em comum, há também bastante diferenças entre elas.

O Aikido significa "o caminho da energia interior" ou "o caminho da harmonia", e uma das coisas que percebo no aikido com maior intensidade do que as demais artes que pratiquei é a enfase no aprimoramento pessoal como um todo. No Aikido não é possível aprimorar a técnica sem aprimorar a sua personalidade.

A técnica do Aikido consiste na repetição a exaustão de alguns golpes buscando a perfeição, e logicamente, o que nos afasta da perfeição são os nossos problemas de personalidade mais marcantes. Assim, para melhorar na técnica e atingir um próximo degrau no caminho da perfeição, é preciso resolver um a um estes problemas... A evolução, no meu caso, é lenta e vagarosa, contudo, vigorosa e permanente. Aplicar a técnica é um convite para reflexões mais profundas, é uma viagem de auto conhecimento.

Outra coisa que gosto no Aikido é a ética do não conflito. Li num livro as quatro éticas de luta. A primeira delas, a mais primitiva, consiste na agressão gratuíta, que apesar de bárbara, ainda é presente em muitos jovens da classe média das grandes metropoles brasileiras, que saem na rua para brigar.

A segunda ética, em pouca coisa melhor que a primeira, está na postura do combate, na provocação. Nesta situação não ocorre a agressão gratuíta, mas a provocação para a agressão. E quando da resposta a provocação a agressão, aí sim se desencadeia o conflito. Neste caso também há a intenção do conflito e do dano.

A terceira ética, mais elaborada está na defesa ao conflito. A luta é apenas um instrumento de defesa, não de ataque. Após um ataque, há a defesa e o contra-ataque. O dano é decorrente de uma ação agressiva vinda de um terceiro. A maioria das artes marciais possui esta ética como predominante.

No entanto, há uma quarta ética, um pouco mais elaborada, que se preocupa com o dano ocasionado ao terceiro, mesmo enquanto defesa a uma agressão. Assim, a agressão deve ser combatida com a exata energia suficiente para a neutralização da agressão, para inibir o agressor de continuar o ataque. Esta é a ética do Aikido. Os golpes foram pensados onde a dor pudesse ser controlada, e pudesse ser aumentada ou diminuida conforme a resistência apresentada. Que o adversário pudesse ser neutralizado quase que sem sentir dor.

O mais interessante é que não há praticamente golpes de ataque no Aikido, toda a técnica é baseada numa reação a um ataque e na neutralização deste, o que pra mim é impressionante.

Fora tudo isto, acho a técnica de uma elegância que ao mesmo tempo que cria uma falsa impressão de ineficiencia (eu que faço Aikido sei que a técnica é bem eficiente), tem uma plasticidade que muitas vezes se assemelha a uma dança.

Convido a todos a conhecer esta arte marcial, que também serve como filosofia de vida.

E o melhor do Aikido, ele é acessível a homens e mulheres dos 4 aos 94 anos de idade.


Uma breve demonstração com Christian Tissier:
http://www.youtube.com/watch?v=ENSat0bmUpA

Nenhum comentário:

Postar um comentário