terça-feira, 7 de julho de 2009

O Bem

As pessoas tentam definir a felicidade, o que seria ser feliz. Uns acreditam que a felicidade venha do dinheiro, da capacidade de poder fazer tudo, o ganhar na loteria. Tem aqueles que associam à saúde, em poder viver bem e viver longe. Outros ao amor, encontrar a alma gêmea. Muitos tem sua própria versão, outros não tem nem mesmo uma idéia. Se perguntassemos a cem pessoas diferentes, cem respostas diferentes encontraríamos. Díficil traduzir a idéia do bem, do belo, do justo: da felicidade. Mesmo assim, eu tentaria descrevê-la assim.

Seria aquela sensação suave, como o primeiro floco de neve tocando o chão. Algo como o beliscar de um peixe na superfície de um lago. Uma luz branca e calma, preenchendo tudo ao redor. Seria como saber tudo e ao mesmo tempo nada importar.

É como um sorriso de criança, espontâneo e sem porquê, ou ainda o mover das folhas indo e voltando ao mesmo lugar. Ou a maré pela manhã, tocando com um beijo de espuma as areias da praia. Poderia ser um aperto de mão, ou mesmo assim um beijo quente e molhado da sua companheira de anos.


É a letra que falta para completar as palavras cruzadas. É o acento que você coloca em uma palavra por lembrar dos tempos de infância. E poder correr sem razão. É o andar descalço! É o sol se pondo ou o levante dos pássaros. Seria a chuva fina refrescando aquela noite quente de verão.

Um sensação profunda, como o se deleitar com a sua própria risada. O encontrar de um amigo distante, um silêncio que faz bem. Seria o colo de vó, ou a lambina na colher de chocolate. Ou aquele correr do chuveiro para atender o telefone e encontrar a pessoa amada no outro lado da linha. Seria o desabrochar das flores, ou ainda o primeiro beijo.

É aquele escapar de um tombo por um triz, ou ler as velhas cartas. É a cauda do cachorro abanando. O vento suave que faz girar os cataventos. É a pipa no céu. É o próprio colorido. O instante depois das cocégas, e passar de ano raspando.


Diria que é o brincar de roda, ou o achar uma moeda no chão. É a figurinha que falta no álbum. É aquele abraço sincero. Talvez uma troca de olhares. O bife com o arroz e feijão! É o estouro da pipoca, ou o estourar das bolinhas de plástico que protegem os móveis na mudança. É o estar enamorado, é acertar a conta de cabeça!

Poderia ser até mesmo o palhaço. Ou a lembrança da pessoa querida. Quem sabe a própria caminhada, ou ainda o momento da chegada. Eu diria que é aquele instante onde se divide o acordar e o sonhar. Ou o simples saber de ser amado. É o besouro de ponta cabeça tentando se levantar. Ou a tartaruga subindo a ladeira.

Seria o respirar depois de prender a respiração debaixo dágua. É aquele papo com Deus e com o nosso anjo da guarda. São os minutos depois daquela desemfreada corrida. É o chocolate quente que a mãe nos trouxe na cama naquele dia frio. É assistir ao desenho preferido. É o obrigado sincero!

É o tentar! É o fazer! É o sonhar! É escrever um texto sobre o bem pelo simples: “-porque sim!”

2 comentários:

  1. Excelente texto.
    Me fez parar para pensar nas coisas que me fazem feliz, e você acertou na mosca. São coisas simples o qual nos traz uma felicidade sincera e inocente, que costumamos deixar no esquecimento.
    Relembrando todos esses pequenos detalhes que vivi ou presenciei durante minha vida, chego a aquela velha conclusão que estamos carecas de ouvir, mas é a pura verdade. "Sou feliz e não sabia".
    Um abraço
    Renato

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  2. Seus textos ajudam muito a vermos as coisas de outro ponto de vista.. sempre acrescentando muito...

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