quinta-feira, 2 de julho de 2009

O caseiro de bigode

O caseiro lá do nosso sítio é assim: Já tinha sido administrador da fazenda, mesmo tendo herdado o cargo com a morte do adminstrador que queriamos contratar... mas não importa. Ele queria mesmo era manter a reputação.

Engraçado, já que sua referência sempre fora de um bairro distante, não do bairro que morava. Sempre achei esquisito, a pessoa não ser querida no bairro onde mora. Enfim, mistérios a parte, eu meio que contratei-o... novamente.

Sabe como é, caseiro bom é caseiro morto... mas ruim com eles pior sem eles. A coisa foi ficando.

Pra que o sítio funcionasse o caseiro necessitava de uma estrutura nada pequena. Primeiro porque tinha um monte de encarregado, o encarregado da cerca, da pintura, da retirada do leite, por ordenar as vacas, o que cuidava da horta... E alem dos encarregados, tinha também o marceneiro, o pintor, o ordenador de vacas, o lavrador...

Tai um negócio que nunca entendi direito, pra que tanta gente. Nós só queriamos que o caseiro cuidasse bem do sítio, o que pra mim era até que simples. Mas a coisa começou pequena, foi crescendo e assim ficou.

Pra pagar os custos no começo deixavamos uns cheques com valor definido. Depois, como a despesa era muita, acabamos deixando uns cheques em brancos para cobrir eventualidades. Quando fui perceber, o dinheiro da conta nunca bastava.

O sítio funcionava não aquelas coisas. Tinha sempre um pedaço de cerca quebrada, um pedaço de parede por pintar, uma horta mal cuidada e uma vaquinha doente... mas fazer o que né? Nós nunca tínhamos tempo pra tomar conta do sítio direito.

O ponto que começou a me encasquetar e aos demais é que o caseiro cada vez queria mais. Fiquei descobrindo por acaso que rolava umas festas no sítio, e que boa parte do pessoal que "trabalhava" lá, quase nunca aparecia.

Comecei a ficar com raiva... conversei com uns amigos. O que diziam é que caseiro são todos assim. O que fazer? Sem saber direito o que fazer decidimos mantê-lo. Chamava a atenção dele um dia ou outro. A bagunça diminuia um tempo, mas quando prestavamos atenção de novo, ela já estava muito pior.

Começou a chegar no fundo do poço, quando descobrimos os tais dos "cheques secretos", estes cheques eram para pagar gente que nós nem sabíamos que eram funcionários do sítio. E pior, havia um bocado de gente da família do caseiro.

Ficamos possessos. Conversamos com o caseiro, ele desconversou, disse que deveria ser alguma confusão. Quem tinha falado tudo isto? Onde já se viu...ele tinha uma reputação a zelar.

O ponto é agora o momento em que nos encontramos. Será que deixamos tudo isto impune mais uma vez?

É , cada um tem o caseiro que merece!

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