3 e meia da manhã. Foi esta hora que eu acordei pra fazer o último dia de minha caminhada em direção a Machu Picchu. Dormi pouco, mas como tinha economizado meio dia de caminhada no dia anterior, estava com a energia toda. Tinhamos marcado de nos encontrar as 4:20 na praça de armas da cidade.
Eu fui o primeiro a chegar, as 4:10, aproveitei pra tomar um café expresso quentinho que uma loja vendia, e confesso que me sentia ótimo. As bolhas estavam bem protegidas com uma espécie de segunda pele. Um curativo novo e muito bom que a Ana tinha levado e havia me dado.
As 4:25 começamos a caminhada com todos. O clima era de uma maratona, sabiamos que tinhamos que ser rápidos para chegar antes dos ônibus e assim garantir nosso lugar. Antes de nós já haviam partido várias pessoas e a trilha começa.
Logo estavamos num breu total, e o guia não nos acompanharia. Assim teríamos que confiar em nossos instintos, na marcação da trilha que era muito boa e nas nossas super lanternas. Me sentia numa corrida, porque todos andávam rápidos e queriamos chegar o quanto antes. Seriam 1 hora e meia de caminhada, toda ela em subida ingreme, bastante ingreme.
Saimos num pelotão, eu estava no pelotão de frente e disposto a fazer um bom tempo... O caminho começa plano, mas logo se transforma em uma coisa só, uma escada infinita até o céu... As escadarias são uma coisa absurda, degraus imponentes, grandes o suficiente para dificultar a subida. E o que fariamos depois dos 15 minutos iniciais de trilha seria só subir.
No final tinha a impressão que a escada não acabaria nunca, e a manhã daquele dia começava chuvosa e nublada, então para piorar não sabiamos quão longe estavamos do pico... Mas como disse estava com a energia toda, e subi aquelas escadas em ritmo frenético. Estava ultrapassando todo mundo... Do nosso grupo de caminhada eu estava bem a frente. Na minha frente apenas o Dor, com seus 18 anos e seus 1,90 mts de altura, e o Edwin, que vinha logo a minha frente.
Fizemos o percurso em tempo recorde, um pouco mais de 1 hora, quando cheguei a entrada de Machu Picchu estava uma catarata de suor, mas numa felicidade sem fim. Depois do meu último degrau não tive dúvidas. Soltei um urro de felicidade. Eu estava lá, a porta da entrada do Machu Picchu, e pelo número de pessoas a minha frente eu iria sim a Waynapicchu !!!
Peguei a senha 279 para o horário das 10-11, tudo perfeito. As meninas que vieram de ônibus depois, não tiveram a mesma sorte, as senhas haviam acabado, para elas não teria Waynapicchu.
Macchupichu é uma cidade de pedras. Um lugar sagrado. Imaginar-se no tempo no meio da civilização inca é uma coisa impossível de não se fazer. O local é enorme e há varias construções interessantes.
Há 3 divindades principais, a Serpente, o Puma e o Condor. A Serpente representa o mundo dos mortos, o submundo, o passado. O Puma representa o mundo presente, as coisas, a realidade. E o Condor o mundo do amanhã, o futuro, as possibilidades... Estava encarnando o Puma, vivendo o presente com toda a intensidade, e vislumbrava o Condor, sem me preocupar tanto com a Serpente....
As 10, estava na fila para subir a Waynapicchu, eis quando surge a Betinha toda feliz, ela tinha conseguido um bilhete para subir com a gente com meu amigo argentino Pablo, que na verdade só queria sombra e agua fresca.... Infelizmente a alegria dela durou pouco, como o bilhete com a senha estava muito encharcado, e desgrampeado do bilhete de entrada ao sitio arqueológico, o idiota do guarda o julgou como falso e proibiu a entrada da Betinha, uma injustiça tremenda, além de uns episódios mais tristes de toda a viagem.
Eu estava com o tempo contado, deveria subir e descer de Waynapichu até no máximo as 12:30, porque deveria pegar o ônibus de volta a Aguas Calientes, pagar o albergue e correr para o Ferroviária para pegar nosso trem as 14:00 já que tinhamos um ônibus no mesmo dia para Arequipa as 20:30 em Cuzco... uma loucura.
Subi as impressionantes escadas de Waynapicchu animado, apesar de um pouco cansado. A subida é incrível. Uma escada irregular, com trechos estreitíssimos e um abismo de mais de 1.000 metros ao seu lado. Nem preciso falar como me senti tendo o medo de altura que eu tenho... rrsr
A vista de cima de Waynapicchu é uma coisa indescritível, ainda mais porque o tempo abriu e o céu estava lindíssimo. Infelizmente, como a Betinha não subiu, eu não tenho fotos, apenas um vídeo do lugar, e posso garantir que a subida vale todo o esforço.
Quando desci, por volta das 12:20, não poderia deixar de contar com um pouco de aventura. Primeiro, Macchupichu é super bem sinalizada para quem entra, mas é quase impossível achar a saída daquele lugar. Eu já estava ficando quase louco. Eu tinha pensado que havia marcado com as meninas de nos encontrar no ponto de ônibus por volta das 13:00. O ônibus levava um pouco menos de 40 minutos para Aguas Calientes e teríamos 20 minutos para pegar as malas no albergue, chegar na Ferroviaria (5 minutos a pé do albergue) e tomar nosso ônibus.
Consegui chegar lá fora as 12:50.... quando cheguei... cadê as meninas? Não encontrava elas em lugar nenhum. As pessoas que conheciam me dizia que elas também estavam atrás de mim, mas já fazia muito tempo que eles não as viam... Fiquei esperando até as 13:20, meu tempo limite para não perder o trem.... Depois disso peguei o ônibus e fui a Aguas Calientes. Eu estava tão cansado que dormi no trajeto e tive que ser acordado no ponto final.
Quando dobrei a esquina da praça de armas já vi a Ana desesperada me acenando do Albergue... Elas tinham saído sem mim, imaginaram que eu já havia retornado. Uma loucura. Tivemos que entrar no quarto de baguagem pra resgatar as nossas malas, já que na hora que chegamos no nosso albergue não havia ninguem para nos atender, e saimos feito insanos em direção a Ferroviaria, já que eram praticamente 14:00 .
Nisso o cara do albergue nos alcança para me devolver minhas roupas que havia deixado na lavandeiria e obviamente cobrar pelo serviço... Foi uma sorte, se não, teria perdido uma boa leva de roupas. Chegamos na estação e havia um cara aguardando por nós (nada como ser VIPs...) o trem nos esperava, estava atrasado e a gente era obviamente os últimos.
Nunca corri tanto na vida, e de fato, este bilhete de trem que nós pegamos era o máximo. O vagão tinha o seu teto feito em vidro e podíamos ir apreciando o trajeto por todo o caminho. E melhor, eles serviam bolachinhas e refrigerantes. Pra mim que não tive tempo de almoçar e nem de tomar café da manhã direito me sentia no paraíso.
Chegamos em Cuzco eram quase 18:00. Tivemos um tempinho para descansar um pouco, fazer as últimas compras e seguir para a Rodoviária. Naquela noite seguiríamos para Arequipa para a parte final de nossa viagem.
Machu Picchu foi uma experiência fantástica, em si, e por coroar o último dia desta caminhada incrível que foi o caminho de Salkantay, algo que tenho certeza que nunca esquecerei.
Eu fui o primeiro a chegar, as 4:10, aproveitei pra tomar um café expresso quentinho que uma loja vendia, e confesso que me sentia ótimo. As bolhas estavam bem protegidas com uma espécie de segunda pele. Um curativo novo e muito bom que a Ana tinha levado e havia me dado.
As 4:25 começamos a caminhada com todos. O clima era de uma maratona, sabiamos que tinhamos que ser rápidos para chegar antes dos ônibus e assim garantir nosso lugar. Antes de nós já haviam partido várias pessoas e a trilha começa.
Logo estavamos num breu total, e o guia não nos acompanharia. Assim teríamos que confiar em nossos instintos, na marcação da trilha que era muito boa e nas nossas super lanternas. Me sentia numa corrida, porque todos andávam rápidos e queriamos chegar o quanto antes. Seriam 1 hora e meia de caminhada, toda ela em subida ingreme, bastante ingreme.
Saimos num pelotão, eu estava no pelotão de frente e disposto a fazer um bom tempo... O caminho começa plano, mas logo se transforma em uma coisa só, uma escada infinita até o céu... As escadarias são uma coisa absurda, degraus imponentes, grandes o suficiente para dificultar a subida. E o que fariamos depois dos 15 minutos iniciais de trilha seria só subir.
No final tinha a impressão que a escada não acabaria nunca, e a manhã daquele dia começava chuvosa e nublada, então para piorar não sabiamos quão longe estavamos do pico... Mas como disse estava com a energia toda, e subi aquelas escadas em ritmo frenético. Estava ultrapassando todo mundo... Do nosso grupo de caminhada eu estava bem a frente. Na minha frente apenas o Dor, com seus 18 anos e seus 1,90 mts de altura, e o Edwin, que vinha logo a minha frente.
Fizemos o percurso em tempo recorde, um pouco mais de 1 hora, quando cheguei a entrada de Machu Picchu estava uma catarata de suor, mas numa felicidade sem fim. Depois do meu último degrau não tive dúvidas. Soltei um urro de felicidade. Eu estava lá, a porta da entrada do Machu Picchu, e pelo número de pessoas a minha frente eu iria sim a Waynapicchu !!!
Peguei a senha 279 para o horário das 10-11, tudo perfeito. As meninas que vieram de ônibus depois, não tiveram a mesma sorte, as senhas haviam acabado, para elas não teria Waynapicchu.
Macchupichu é uma cidade de pedras. Um lugar sagrado. Imaginar-se no tempo no meio da civilização inca é uma coisa impossível de não se fazer. O local é enorme e há varias construções interessantes.
Há 3 divindades principais, a Serpente, o Puma e o Condor. A Serpente representa o mundo dos mortos, o submundo, o passado. O Puma representa o mundo presente, as coisas, a realidade. E o Condor o mundo do amanhã, o futuro, as possibilidades... Estava encarnando o Puma, vivendo o presente com toda a intensidade, e vislumbrava o Condor, sem me preocupar tanto com a Serpente....
As 10, estava na fila para subir a Waynapicchu, eis quando surge a Betinha toda feliz, ela tinha conseguido um bilhete para subir com a gente com meu amigo argentino Pablo, que na verdade só queria sombra e agua fresca.... Infelizmente a alegria dela durou pouco, como o bilhete com a senha estava muito encharcado, e desgrampeado do bilhete de entrada ao sitio arqueológico, o idiota do guarda o julgou como falso e proibiu a entrada da Betinha, uma injustiça tremenda, além de uns episódios mais tristes de toda a viagem.
Eu estava com o tempo contado, deveria subir e descer de Waynapichu até no máximo as 12:30, porque deveria pegar o ônibus de volta a Aguas Calientes, pagar o albergue e correr para o Ferroviária para pegar nosso trem as 14:00 já que tinhamos um ônibus no mesmo dia para Arequipa as 20:30 em Cuzco... uma loucura.
Subi as impressionantes escadas de Waynapicchu animado, apesar de um pouco cansado. A subida é incrível. Uma escada irregular, com trechos estreitíssimos e um abismo de mais de 1.000 metros ao seu lado. Nem preciso falar como me senti tendo o medo de altura que eu tenho... rrsr
A vista de cima de Waynapicchu é uma coisa indescritível, ainda mais porque o tempo abriu e o céu estava lindíssimo. Infelizmente, como a Betinha não subiu, eu não tenho fotos, apenas um vídeo do lugar, e posso garantir que a subida vale todo o esforço.
Quando desci, por volta das 12:20, não poderia deixar de contar com um pouco de aventura. Primeiro, Macchupichu é super bem sinalizada para quem entra, mas é quase impossível achar a saída daquele lugar. Eu já estava ficando quase louco. Eu tinha pensado que havia marcado com as meninas de nos encontrar no ponto de ônibus por volta das 13:00. O ônibus levava um pouco menos de 40 minutos para Aguas Calientes e teríamos 20 minutos para pegar as malas no albergue, chegar na Ferroviaria (5 minutos a pé do albergue) e tomar nosso ônibus.
Consegui chegar lá fora as 12:50.... quando cheguei... cadê as meninas? Não encontrava elas em lugar nenhum. As pessoas que conheciam me dizia que elas também estavam atrás de mim, mas já fazia muito tempo que eles não as viam... Fiquei esperando até as 13:20, meu tempo limite para não perder o trem.... Depois disso peguei o ônibus e fui a Aguas Calientes. Eu estava tão cansado que dormi no trajeto e tive que ser acordado no ponto final.
Quando dobrei a esquina da praça de armas já vi a Ana desesperada me acenando do Albergue... Elas tinham saído sem mim, imaginaram que eu já havia retornado. Uma loucura. Tivemos que entrar no quarto de baguagem pra resgatar as nossas malas, já que na hora que chegamos no nosso albergue não havia ninguem para nos atender, e saimos feito insanos em direção a Ferroviaria, já que eram praticamente 14:00 .
Nisso o cara do albergue nos alcança para me devolver minhas roupas que havia deixado na lavandeiria e obviamente cobrar pelo serviço... Foi uma sorte, se não, teria perdido uma boa leva de roupas. Chegamos na estação e havia um cara aguardando por nós (nada como ser VIPs...) o trem nos esperava, estava atrasado e a gente era obviamente os últimos.
Nunca corri tanto na vida, e de fato, este bilhete de trem que nós pegamos era o máximo. O vagão tinha o seu teto feito em vidro e podíamos ir apreciando o trajeto por todo o caminho. E melhor, eles serviam bolachinhas e refrigerantes. Pra mim que não tive tempo de almoçar e nem de tomar café da manhã direito me sentia no paraíso.
Chegamos em Cuzco eram quase 18:00. Tivemos um tempinho para descansar um pouco, fazer as últimas compras e seguir para a Rodoviária. Naquela noite seguiríamos para Arequipa para a parte final de nossa viagem.
Machu Picchu foi uma experiência fantástica, em si, e por coroar o último dia desta caminhada incrível que foi o caminho de Salkantay, algo que tenho certeza que nunca esquecerei.