sábado, 23 de janeiro de 2010

Expedição: Caminhada Salkantay - Dia 3 - 06 de janeiro de 2010

Terceiro dia começando! Todos um pouco úmidos da noite anterior. Mas o dia amanhecia melhor e a chuva parecia que iria dar uma trégua. O café da manhã como sempre animado, a dupla Leo (australiano) e Steve (americano) estavam sempre fazendo e falando coisas engraçadas, como uma mistura de Beavis and Butt-Head e o Gordo e o Magro.

Yes, we have Beavis and Butt-Head

Havia também Martin e Julio que eram engraçadíssimos com seu sarcasmo e ironia afiados. Estavam sempre falando de que aquilo que era férias, caminhando na chuva e no vento no meio do nada para dormir no mato encharcado em meio aos mosquitos. A gente ria até... O grupo era ótimo e estava sendo um prazer compartilhar a aventura com todos eles. De fato, estavamos nos tornando uma família!

O sarcástico Martin e nosso outro representante da Argentina, Julio

Terceiro dia, nos embrenharíamos na mata, seria uma caminhada meio esquisita, no começo nos enfiaríamos num mangue, e para minha infelicidade, a minha bota de tanto ficar presa na lama, abriu no solado e começou a encharcar de água e areia. O resultado disso seria desastroso ao final do dia.
O indonésio Ibrit, o nosso guia, o peruano Henry, e o brejo !!! Botas limpinhas...

O caminho começava no meio da mata, num barro que dava dó de ver. Pra variar, eram subidas e descidas. Chegariamos no final da trilha a uns 1800 metros, mas para isto desceriamos a 2.600, subiriamos a 2.900 mts numa outra caminhadinha de 17 kms básicos até o final do dia.

As nossas top-models, as holandesas Sam e Sofie .

A brasileira Jennifer estava com o pé totalmente inchado e seguiu o trajeto de cavalo. O restante de nós estavamos relativamente inteiros. Quando chegamos a segunda metade da manhã, os 3 holandeses (Geron, Sam & Sofie) começaram a reclamar do cansaço e da chuva, e gostaria de pegar um ônibus para a segunda metade do dia. Assim, o grupo se dividiria entre os 3 + Jennifer e os demais.
As nuvens nos acompanhavam...

O grupo que iria a pé (eu incluído) começou a seguir mais rápido, enquanto o que iria de ônibus estavam descendo com mais calma. Mal sabiam eles que o final desta história não seria um final feliz.

Jaqueta de chuva, blusa de frio e camisa regata, pronto para o inverno ou verão

A segunda metade do dia consistia em uma descida brusca e depois a caminhada por uma parte mais plana, uma estrada de terra. O ponto é que com as chuvas fortes, boa parte da estrada estava interrompida por deslizamentos. Assim: a opção de voltar de ônibus não existia!!! E pior, quem havia tomado a decisão de ir de ônibus ainda não sabia que esta opção não existia, estavam muito atrás no trajeto.

Henry, nosso guia, explicando alguma coisa pro grupo... olhem a nossa cara de compenetrados

Os que optaram em seguir a pé desta forma acabaram sendo privilegiados, já que neste dia o almoço só seria servido praticamente no final da caminhada. Os que vieram no segundo grupo acabaram seguindo por um caminho mais longo mas mais plano e fácil, no entanto diveram que caminhar da mesma forma!

Na segunda metade do trajeto: Deslizamentos de pedra por toda parte

A caminhada neste dia deveria ser uma delícia, se não fosse as bolhas que começaram a se formar em meu pé devido a meia molhada e cheia de areia. Na segunda metade do dia, não havia quase nem uma parte da sola do meu pé que não estivesse devidamente inflada com bolhas. A caminhada estava sendo um exercício de tolerância a dor.

Carro, ônibus, 4 x 4 ? Esquece... estes aí em cima eram os únicos meios de transporte disponíveis graças aos deslizamentos recentes

Mesmo assim, o passeio teve seus pontos altos. Entre as melhores partes estava a de ter que subir e descer as montanhas de pedras e terra dos deslizamentos que bloqueavam a estrada e o nosso atravessar do rio Lucmabamba por um pequeno carrinho que estava suspenso em uma tirolesa! Show de bola!

Uma cachoeirinha que deságua no rio Lucmabama

Não é de se estranhar que fiquei por último, tive que diminuir bastante o meu ritmo no final e devo ter chego quase 30 minutos depois do meu grupo, praticamente juntos com o segundo grupo que vieram pelo caminho mais plano.

Na última parte da caminhada

Mas cheguei!!! E como sempre, após conseguir tirar as botas, meu humor melhorou consideravelmente! Estava feliz de ter completado o terceiro dia, mesmo com todas as dificuldades. A minha bota dei de presente para o guia, e como o 4o dia era mais tranquilo, teria que fazê-lo de papete.

Cenas de cinema é que não faltavam!

Depois de almoçarmos as 5 da tarde, com direito a cerveja gelada, a nossa caminhada chegaria ao fim para tomarmos um ônibus por 40 minutos e seguirmos para o nosso acampamento no vilarejo de Santa Teresa. Aqui o acampamento seria montado dentro de uma laje de alvenaria, voltariamos a ter banheiro com privada de porcelana e papel higiênico, e o melhor de tudo, depois de 3 dias, voltariamos a tomar banho, e não num lugar qualquer, nos banhariamos no paraíso.

O ônibus que nos levaria ao vilarejo de Santa Teresa

As 8 da noite seguimos para as termas de Santa Teresa, um lugar lindíssimo, com águas vulcânicas e piscinas naturais cujas temperaturas variavam de 35 a 40 oC, uma delícia. Depois de caminhar por tanto tempo e ficar tanto tempo mal cheiroso e sujo, me senti num pedacinho do céu. O grupo estava radiante e as risadas e os sorrisos brotavam à toa.

Depois de quase 2 horas de banho, seguimos para o acampamento onde jantaríamos e dormiríamos. O outro dia seria bem mais tranquilo, com 6 horas de caminhada em terrenos bem mais favoráveis do que os que haviamos pegos até aqui. Já havia limpado as bolhas e colocado curativos e estava me preparando para o penúltimo dia de caminhada.

No paraíso: as Termas de Santa Teresa.

Dormir depois de um banho gostoso daquele foi questão de segundos, e eu estava completando meu terceiro dia de caminhada em uma felicidade sem fim!!!

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