quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Expedição: Caminhada Salkantay - Dia 2 - 05 de janeiro de 2010

Nada como uma noite bem dormida. Como estava completamente exausto, não tive dificuldade nenhuma para dormir, e para a minha surpresa, acordei no dia seguinte ótimo. Não tive dúvidas, eu iria fazer o segundo dia de trilha, e a pé!

Caminhando nas nuvens!

Esta convicção ficou reforçada após o poderoso café da manhã com mate de coca. Me sentia novo! A única precaução que tive foi a de reduzir ao máximo a bagagem. Assim, para garantir o trajeto, fui radical, deixei praticamente a mala toda com os cavalos (tirei mais uma vez proveito da desistência dos demais para armazenar mais peso que poderia) e fiquei apenas com o essencial em uma mala/pochete que sempre trago comigo. Acho que esta foi a decisão mais sábia que já fiz em toda a viagem.


A prova d'água.

Neste dia, sairiamos dos nossos atuais 3.900 mts em Soraypampa rumo aos 4.600 mts, e depois voltariamos aos 3.800 mts, em 17 kilometros de caminhada até Colpapampa.

A manhã do segundo dia é só subida, mas uma subida com um visual ótimo. Estavamos ao pé da coordilheira e nos acompanhavam por toda a subida a vista do nevado Umantay e do majestoso Apu Salkantay. Assim, a cada novo passo, nos aproximávamos destes dois gigantes.


A paisagem valia a pena? Imagina...

Passamos por algumas pastagens, mas a subida é sobretudo ingreme e pedregosa. Por algumas vezes tinha a impressão que caminhava para um paredão sem saída de tão ingreme que eram algumas partes do trajeto.

De qualquer maneira, antes que eu pudesse perceber, chegaríamos no ponto mais alto da nossa caminhado, Salto Salkantay, nos seus 4.600 mts. Caminhar até lugares como este é equivalente ao bom sexo com orgasmo prolongado. Mesmo tendo caminhado a manhã inteira, me sentia ótimo, revigorado, e capaz de escalar o Everest.


A foto clássica! O meu recorde de caminhadas em alturas.

Infelizmente, naquela altura, o tempo estava nublado, afinal de contas estavamos nas núvens, e não foi possivel avistar de perto os dois gigantes, Umantay e Apu Sankantay da mesma forma que o avistamos de longe. Mesmo assim, o ponto alto de nossa travessia era marcado por pequenas e diversas pilhas de pedra que cada um dos viajantes fazia ao chegar lá. Tratei de fazer a minha, tirar várias fotos e dar risadas sem fim. O grupo estava com um humor excelente naquele momento. Na sequência ainda paramos num laguinho nas alturas para comer e ver a paisagem.

Toda a trupe. Pra este pessoal não tem tempo feio!

A descida foi mais tranquila para mim, mas nem tanto para os demais. A Jennifer começou a ter problemas com o calçado alugado dela, e seus pés começaram a encher de bolhas e a inchar, o que fez a segunda metade da caminhada dela um inferno. Depois iria aprender por experiencia própria que bons calçados e meias secas são fundamentais para este tipo de passeio.

Cansado, mas feliz!

A segunda metade da tarde do segundo dia era marcada por uma vegetação crescente e bonita, e uma chuva forte e insistente. Chegamos encharcados e cansados no acampamento. E parece que Deus deu uma brecha apenas para que pudéssemos montar as barracas sem chuva, pois mais a noite ela voltaria a nos incomodar.

Será que choveu ???

O segundo acampamento era quase como se dormir ao relento. O banheiro era um buraco no chão com 3 proteções a meia altura laterais, ou seja, não tinha teto e a parte do dorso ficava sempre descoberta. E era a segunda noite que passavamos sem duchas, e desta forma, sem banho!

Numa das pausas para descansar...

Para ajudar, estavamos numa barranqueira que tinhamos a impressão que se viesse uma enxurrada, nenhum de nós estaríamos por lá o dia seguinte.

Mesmo assim, o jantar, apesar da chuva, foi bastante animado!

Nós chegaríamos lá em baixo no dia seguinte...

A noite foi um pouco incomoda. Em várias barracas houve infiltrações de água, a minha inclusive. O meu saco de dormir absorveu boa parte da umidade, e tive que tirar as meias molhadas no meio da madrugada. Fora isto, sobrevivi! E estaria pronto para o 3º dia.

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